Escrevivência: o retrato da solidão da mulher negra em Natalina Soledad, de Conceição Evaristo
Palavras-chave:
Escrevivência. Solidão da mulher negra. Literatura feminina negra.Resumo
Este trabalho aborda a solidão da mulher negra e possui como recorte as relações afetivo-familiares da protagonista Natalina Soledad, no conto homônimo, publicado no livro Insubmissas lágrimas de mulheres (2016), de Conceição Evaristo, através do conceito de escrevivência, com o objetivo de analisar e refletir a importância de literaturas negras de autoria feminina para o (des)silenciamento de vozes-mulheres, colocando-as como sujeito e objeto de suas narrativas. Recorremos a estudiosas dos temas em foco, a exemplo de Ana Cláudia Pacheco (2013), Bell Hooks (2010), Sueli Carneiro (2019), entre outras. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo, abordando a representação da mulher negra na literatura brasileira até o surgimento da literatura negra de autoria feminina - como forma de identificação e valorização do eu feminino negro -, reconhecendo a importância de se ter literaturas que não as objetificam nem as silenciam, e refletindo sobre solidões que acometem mulheres negras. O estudo levou à conclusão de que Evaristo quebrou as máscaras do silêncio, que durante anos esteve presente, devido a uma sociedade falocêntrica branca. Por meio de sua escrevivência, Conceição Evaristo devolve, para as mulheres negras, suas vozes-potentes, deixando que elas contem suas próprias histórias.