O brincar experienciado no territórioescola-casa da Educação Infantil
considerações tecidas a partir do dizer infantil em um cenário de pandemia
Palavras-chave:
Infância, Escola, Brincar, Dizeres infantisResumo
O trabalho proposto busca discutir sobre a infância, o tempo de suspensão e profanação escolar, o gesto de brincar e o territórioescola-casa experienciado em um contexto de pandemia. Caminha-se na tentativa de cartografar como as crianças da pré-escola tem experienciado o brincar nos processos de aprenderensinar escolar no territórioescola-casa, no contexto da pandemia, objetivando mapear por meio da escuta o que a voz infantil pode dizer sobre o brincar, sobre a escola e a infância desde suas próprias experiências no territórioescola-casa no contexto da pandemia; acompanhar como se estabelecem os encontros entre a infância, a escola e o brincar nos processos de aprenderensinar que atravessam o cotidiano da Educação Infantil em um cenário de pandemia; dar a pensar acerca do dizer infantil em torno da infância, da escola e do brincar na experimentação do tempo escolar no territórioescola-casa. Tomando por inspiração a cartografia (Rolnik, 2007) buscou-se passear nos entres, vislumbrar imagens, dar passagem às experiências outras e apesar de entender a infância enquanto experiência ao longo da vida, interpretou-se a infância, o brincar e as experiências educativas a partir dos dizeres infantis das crianças e suas potencialidades e como procedimento metodológico, optou-se pela conversa (Ribeiro; Sampaio; Souza, 2018) na tentativa de tornar linear o diálogo entre pesquisadores e sujeitos. Tendo em vista o cenário atual e a necessidade de comprometimento com o distanciamento social, as conversações aconteceram de forma online por meio da plataforma Google Meet com seis crianças da pré-escola II (cinco anos) cujas famílias concordaram e se dispuseram a contribuir com a pesquisa. No caminhar teórico, as discussões acerca da infância, partiram dos estudos de Kohan (2003, 2007, 2020), Larrosa (2006) e Skliar (2012) com os seus olhares atentos que se aproximam da infância como devir que evoca seus próprios pensares, fazeres e dizeres, desviando-se das projeções adultocêntricas que a diminuem em seus moldes enrijecidos. No que diz respeito aos tempos de suspenção e profanação escolar buscou-se aporte em Masschelein e Simons (2014), bem como na alteridade da infância de Larrosa (2006) e nas temporalidades da infância de Kohan (2007). Sobre o brincar e a brincadeira enquanto potencialidades da infância, utilizou-se Lopes e Correa (2014) e Olarieta (2014), e enquanto gestos de infância o diálogo foi desenvolvido a partir das problematizações de Almeida (2021). O brincar se revelou enquanto potência ao dar passagem a movimentos em meio a condições desfavoráveis a essas experiências. Foi com dizeres permeados por experiências diversas em torno do brincar que a infância foi percebida em suas tentativas incansáveis de que suas vozes sejam ouvidas, movimentando a vida que faz pulsar esse cotidiano no territórioescola-casa, provocando o pensamento com a infância e não sobre ela.