A educação da mulher sertaneja oitocentista revelada nos inventários post-mortem do Seridó Potiguar (1870-1880)
Resumo
Na pesquisa histórica a mulher nem sempre tem sido a principal escolha de pesquisadores para o desenvolvimento de seus trabalhos, seja por falta de interesse, ou até mesmo pela dificuldade de encontrar registros sobre sua vida e seu cotidiano, vez que estas permaneceram por longo período condenadas ao silêncio e tendo a sua manutenção e sobrevivência às expensas masculinas. Diante deste cenário, trazemos à luz algumas características do tipo de educação que alicerçaram a educação da mulher sertaneja no Século XIX, pontuando elementos da sua vida cotidiana e da sua participação no processo de ocupação do território que hoje conhecemos como Seridó Potiguar. Para composição das informações aqui registradas lançamos mão da pesquisa bibliográfica-exploratória e da pesquisa documental, fundamentalmente com base na análise das informações extraídas do corpus dos registros aportados nos inventários post-mortem referentes ao período de 1870 a 1880, documentos estes sob a custódia do Laboratório de Documentação Histórica (LABORDOC), do Centro de Ensino Superior do Seridó -CERES/UFRN, Caicó. Com assento nas informações extraídas nestes documentos pudemos destacar as evidências às quais apontam que nessa época a instrução não era uma realidade comum ao sexo feminino. Embora, os registros históricos deem conta da existência de escolas destinadas às meninas na região estudada, torna-se evidente, pela análise dos dados coletados que, estas insipientes instituições não estavam destinadas a um número significativo de crianças, ficando a educação da maioria à cargo da educação doméstica, sendo esta pautada nos preceitos cristãos e nos “bons costumes” morais e sociais.