O sertão contra o estado
a antropologia política e a problemática do poder em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
Keywords:
Literatura Brasileira, Antropologia Política, Crítica literária, Grande sertão: veredasAbstract
O romance Grande sertão: veredas, enquanto verdadeiro retrato do Brasil, ressignifica a história de nossa formação social e se abre a novos campos de pesquisa para além dos aspectos mitológicos, religiosos ou mesmo ontológicos presentes na obra. Torna-se relevante entender de que forma os elementos míticos do romance alegorizam os aspectos políticos e sociais da fundação de nossa sociedade e a própria mitologia do Brasil como nação. Esse artigo busca investigar a natureza do poder na obra, valendo-se, para isso, das pesquisas no campo da Antropologia Política desenvolvidas por Pierre Clastres (2013), assim como da leitura realizada por Willi Bolle (2004). Para isso, pretendemos analisar a recusa inicial do narrador protagonista Riobaldo em assumir a chefia do bando de jagunços, e de que forma o exercício desse poder social não coercitivo se transforma em uma forma de poder coercitivo e fundador da violência do Estado, a partir do pacto luciferino.