Ingresso da criança no berçário
o processo adaptativo da díade mãe-bebê
Palavras-chave:
Apego, Berçário, Vínculo, Separação, PsicanáliseResumo
Diante do atual contexto sócio-histórico no qual as mulheres precisam (e desejam) retornar às suas atividades profissionais pouco tempo após o nascimento do bebê, o presente artigo visa analisar, com base na teoria psicanalítica (dando ênfase às contribuições de John Bowlby e Donald Winnicott), o processo adaptativo do bebê, ainda nos seus dois primeiros anos de vida, frente ao ingresso em um berçário de uma creche municipal localizada na cidade do Recife. Avalia-se, em particular, as influências das relações estabelecidas pela díade mãe-bebê neste processo adaptativo, bem como os novos vínculos que serão formados entre os infantes e seus novos cuidadores temporários. Discute-se, ainda, as defesas utilizadas pelas díades mãe-bebê nesse novo contexto potencialmente ameaçador e os sinais de possíveis sofrimentos psíquicos por eles expressados. Para isso, em termos metodológicos da pesquisa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com (03) três mães e (13) treze visitas para observação no berçário. Por fim, concluiu-se que as sensações de angústia e insegurança estão presentes nos bebês nos momentos iniciais de adaptação ao berçário e expressas através do brincar, da recusa ou aceitação da alimentação, dos padrões de sono, da forma como se despedem e reencontram suas mães e como estabelecem as relações com os novos cuidadores. Inclusive, que essas reações dos bebês frente ao novo ambiente variam de acordo com as relações anteriormente estabelecidas com a mãe e de como ela faz essa entrega do filho à creche, levando em consideração os seus próprios sentimentos e mecanismos defensivos, bem como a importância da sensibilidade das cuidadoras no sentindo de captar as sutis mensagens expressas pelos bebês.